O meu Destino disse-me a chorar:
"Pela estrada da vida vai andando,
e aos que vires passar,
interrogando acerca do amor,
que hás de encontrar."
Fui pela estrada a rir e a cantar
as contas do meu sonho desfiando...
E à noite e ao dia, à chuva e ao luar,
fui sempre caminhando e perguntando...
Mesmo a um velho eu perguntei:
"Velhinho, viste o amor acaso em teu caminho?"
E o velho estremeceu… olhou…e riu.
Agora pela estrada, já cansados,
voltam todos pra trás desanimados,
e eu paro a murmurar: "Ninguém o viu!"
(Florbela Espanca)
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