quarta-feira, 12 de março de 2008

Mas deixem que existam espaços... Gibran Kahlil Gibran



Mas deixem que existam espaços na sua união,


E deixem que os ventos celestes dancem entre vocês


Amem-se uns aos outros,


mas não forjem um elo de amor:


Deixem que ele seja um mar


se movendo entre as praias de suas almas.


Encham as taças uns dos outros, mas não bebam de uma só taça.


Compartilhem o pão, mas não comam da mesma bisnaga.


Cantem e dancem juntos e sejam alegres,


mas deixem que cada um de vocês fique sozinho,


Como as cordas do alaúde estão sozinhas,


embora vibrem com a mesma música.


Doem seus corações, mas não para que os outros guardem.


Pois só a mão da vida pode conter seus corações.


E fiquem juntos, mas não perto demais;


Pois os pilares do templo se erguem afastados,


E o carvalho e o cipreste não crescem fazendo sombra um ao outro.

(Gibran Kahlil Gibran)

Soneto do Orfeu - Vinícius de Moraes


São demais os perigos dessa vida

Para quem tem paixão, principalmente

Quando uma lua surge de repente

E se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar, que atua desvairado

Vem unir-se uma música qualquer

Aí então é preciso ter cuidado

Porque deve andar perto uma mulher

Uma mulher que é feita de música,

Luar e sentimento, e que a vida

Não quer, de tão perfeita

Uma mulher que é como a própria lua:

Tão linda que só espalha sofrimento,

Tão cheia de pudor que vive nua.

(Vinícius de Moraes)