terça-feira, 14 de julho de 2009

Morrer - Fernando Pessoa




Num artigo muito interessante,
Paulo Angelim,
que é arquiteto, pós-graduado em marketing,
dizia mais ou menos o seguinte:

Nós estamos acostumados a ligar a palavra
morte apenas a ausência de vida e isso é um erro.
Existem outros tipos de morte
e precisamos morrer todo dia.
A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação.
Não existe planta sem a morte da semente,
não existe embrião sem a morte do óvulo
e do esperma, não existe borboleta
sem a morte da lagarta, isso é óbvio.


A morte nada mais é que o ponto de partida para o início de algo novo.


A fronteira entre o passado e o futuro.
Se você quer ser um bom universitário,
mate dentro de você o secundarista aéreo
que acha que ainda tem muito tempo pela frente.


Quer ser um bom profissional?
Então mate dentro de você o universitário descomprometido
que acha que a vida se resume a estudar só o suficiente para fazer as provas.


Quer ter um bom relacionamento?
Então mate dentro de você o jovem inseguro,
ciumento, crítico, exigente, imaturo,
egoísta ou o solteiro solto que pensa que pode fazer planos sozinho,
sem ter que dividir espaços,
projeto e tempo com mais ninguém.


Quer ter boas amizades?
Então mate dentro de si a pessoa insatisfeita e descompromissada,
que só pensa em si mesmo.
Mate a vontade de tentar manipular as pessoas de acordo com a sua conveniência.
Respeite seus amigos, colegas de trabalho e vizinhos.


Enfim todo processo de evolução
exige que matemos o nosso "eu" passado, inferior.


E qual o risco de não agirmos assim?
O risco está em tentarmos ser duas pessoas ao mesmo tempo,
perdendo o nosso foco,
comprometendo essa produtividade,
e,
por fim prejudicando nosso sucesso.


Muitas pessoas não evoluem porque ficam se agarrando ao que eram,
não se projetam para o que serão ou desejam ser.


Elas querem a nova etapa,
sem abrir mão da forma como pensavam ou como agiam.


Acabam se transformando em projetos acabados,
híbridos, adultos infantilizados.


Podemos até agir, às vezes, como meninos,
de tal forma que não mantemos as virtudes de criança
que também são necessários anos, adultos, como:
brincadeira, sorriso fácil, vitalidade, criatividade, tolerância, etc.


Mas, se quisermos ser adultos,
devemos necessariamente matar atitudes infantis,
para passarmos a agir como adultos.


Quer ser alguém
líder, profissional, pai ou mãe, cidadão ou cidadã, amigo ou amiga
melhor e evoluído?


Então, o que você precisa matar em si, ainda hoje,
é o "egoísmo" é o "egocentrismo",
para que nasça o ser que você tanto deseja ser.


O valor das coisas não está no tempo em
que elas duram, mas na intensidade
com que acontecem.


Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.


Pense nisso e morra.
Mas, não esqueça de nascer melhor ainda.




Fernando Pessoa


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