sábado, 1 de novembro de 2008

AUSÊNCIA




Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta
Hoje não a lastimo.


Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,


que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.






Carlos Drummond de Andrade