domingo, 23 de março de 2008

Do Livro "O LOUCO" Gibran Kahlil Gibran



Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:Um dia,
muito tempo antes de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo e notei
que todas as minhas máscaras
tinham sido roubadas - as sete máscaras
que eu havia confeccionado e usado em sete vidas - e corri
sem máscara pelas ruas cheias de gente,
gritando: "Ladrões, ladrões, malditos ladrões!
" Homens e mulheres riram de mim
e alguns correram para casa,
com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado,
um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:
"Êh um louco!".
Olhei para cima, para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez,
o sol beijava minha face nua,
e minha alma inflamou-se de amor pelo sol,
e não desejei mais minhas máscaras.
E, como num transe, gritei:
"Benditos, benditos ladrões que roubaram minhas máscaras!"
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança na minha loucura:
a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido,
pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

(Gibran Kahlil Gibran)


És livre...Gibran Kahlil Gibran




És livre na luz do sol e livre ante a estrela da noite.
E és livre
quando não há sol e nem lua ou estrelas.

Inclusive,
és livre quando
fechas os olhos a tudo o que existe.

Porém, és escravo de quem amas,
pelo fato mesmo de amá-lo.

E és escravo de quem te ama
pelo fato mesmo de deixar-te amar.

(Gibran Kahlil Gibran)


Um lindo domingo de Páscoa,
e tudo de bom
pra você
e toda sua família!

FELIZ PÁSCOA!!!




Este Quarto - Mário Quintana


Este quarto de enfermo,

tão deserto de tudo,

pois nem livros eu já leio

e a própria vida eu a deixei no meio

como um romance que ficasse aberto...

que me importa esse quarto,

em que desperto

como se despertasse em quarto alheio?

Eu olho é o céu!

Imensamente perto,

o céu que me descansa como um seio.

Pois só o céu é que está perto,

sim,

tão perto e tão amigo que parece

um grande olhar azul pousado em mim.

A morte deveria ser assim:

um céu que pouco a pouco anoitecesse

e a gente nem soubesse que era o fim...

(Mário Quintana)