
Ele é o campo que semeais com carinho e ceifais com agradecimento. 
É vossa mesa e vossa lareira. 
Pois ides a ele com vossa fome e procurais em busca de paz. 
Quando vosso amigo expressa seu pensamento, 
não temais o "não" de vossa própria opinião, nem prendais o "sim". 
E quando ele se cala, que vosso coração continue a ouvir seu coração, 
porque na amizade, todos os desejos, 
ideais, esperanças, nascem e são partilhados sem palavras, 
numa alegria silenciosa. 
Quando vos separais de vosso amigo, 
não vos aflijais. 
Pois o que amais nele pode tornar-se mais claro na sua ausência, 
como para o alpinista a montanha aparece mais clara, 
vista da planicie. 
E que não haja outra finalidade na amizade 
a não ser o amadurecimento de espirito. 
Pois o amor que procura outra coisa a não ser a revelação 
de seu próprio mistério não é amor, mas uma rede armada, 
e somente o inaproveitavel é nela apanhado. 
E que o melhor de vos próprios seja para vosso amigo. 
Se ele deve conhecer o fluxo de vossa maré, 
que conheça também o seu refluxo. 
Pois, 
que achais seja vosso amigo para que o procureis 
somente a fim de matar o tempo?
Procurai-o sempre com horas para viver: 
O papel do amigo é encher vossa necessidade, 
não vosso vazio. 
E na docura da amizade, 
que haja risos e o partilhar dos prazeres. 
Pois no orvalho de pequenas coisas, 
o coração encontra sua manhã e sente-se refrescado. 
(Gibran Khalil Gibran)
(1883-1931)
 
 




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